quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Mais "algo"

(DESCONCERTO)






Ficarão por abrir, como presentes,
As malas onde escondeste
Os sonhos por partilhar.

Ficarão por acontecer
Noites que me disseste
Que querias sonhar.

Ficarão por escorrer
Todas as lágrimas ardentes
Que me proibias de chorar.

Ficarão por sentir
Os gestos,
Os gestos de eu te amar.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Une belle soirée

Há filmes que nos marcam só porque sim...

Este foi um deles: http://www.lefilm-paris.com/

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Mais de mim

(DIFERENTE)





Sei que o tempo de te amar
Passa de outra maneira.
Não é mais lenta: é sorrateira...
Nunca sei quando chegará
A próxima hora, sequer se virá
O minuto que vem a seguir.

Por isso não me vai incomodar
Esta espera que me quero consentir,
Este tempo diferente,
A que, assim alegremente,
Me quis e quero sujeitar.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

PRIMEIRA VEZ

(POEMA POR ESCREVER)



Qualquer coisa que eu escrevesse
Hoje, teria de ser apenas um “mais um”
Uma espécie de exemplo de
“poema em verso de lugar comum”.

E, como seria
Algo de que me arrependeria
No preciso momento, em que, lendo-o
Me deixasse lembrar
De que era eu quem deveria estar
Em cada linha, em cada horrendo
Verso, em cada letra por traçar,
Recuso-me a continuar o sacrifício:

Vou-me deitar…

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Requiem aeterna dona eis


Custa-me lidar com a morte…
Por muito que o tempo passe, por muitas vezes que tenha realizado ou tenha de realizar o ritual de arranjar flores (em tempos arrancava-as de propósito – preferia assim, não sei bem porquê) para prestar uma última homenagem a alguém que passou e, quase sempre mais importante, dar um abraço (de) amigo a alguém que chore essa passagem, por muito que me tente convencer de que tenho de combater em mim a dor, com tantos anos já, das passagens que me marcaram, que me doeram, continuo a dizer sempre a mesma coisa: não lido bem com a morte.
Mas, hoje, acho que a minha forma de a encarar piorou… a propósito de um velório, a que fui porque não prescindiria nunca de abraçar uma enorme amiga que sente e disfarça a dor da passagem de alguém que lhe foi muito querido, senti-me morto (matado não é correcto, mas expressaria melhor a sensação que tive: a de ter morrido de “morte matada”, como dizia, brincando, quando era puto, por contraponto à morte natural, a que chamava “morte morrida”).
Depois de ter estado um pouco com quem lá me levara, acima de tudo, tentei abeirar-me de uma outra pessoa que estava lá também e que – disfarçando de igual maneira – sentia, decerto, a mesma dor da minha amiga. Essa pessoa (de quem me sinto amigo, de quem senti amizade, durante muito e muito bom tempo, mas que me riscou do “círculo” por uma estupidez que sei mal ultrapassada, se é que ultrapassável) ostensiva e dolorosamente virou-me as costas e nem sequer me deu tempo para que a cumprimentasse, lhe transmitisse a vontade de estar perto para o que fosse preciso, como sinto que (alguém que se sinta) amigo deve querer estar: pura e simplesmente virou-me as costas…
Doeu-me. Doeu cá bem dentro, pela sensação de que aquele gesto era, para todos os efeitos, o da minha “morte matada” para aquela pessoa, tão importante para mim em tão importantes momentos da minha estúpida existência.
E percebi porque razão há quem fale em morte emocional e por que há quem tanto use a expressão “aquela pessoa morreu para mim”.
E doeu… ainda mais porque, do “crime” que motivou esta pena de morte, sei bem que estou inocente.
Por isso, como “manifestação de última vontade”, digo algo que ouvi atribuído a Jorge Luis Borges: "Se pudesse viver novamente, na próxima vida tentaria cometer mais erros". Pelo menos, gostaria de ter a honra de cometer mais erros de ser amigo como gostosamente cometi aquele.
Mereço pois que me rezem um “requiem aeternum dona eis, domine”.
Nem que seja no inferno…

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

A montanha que pariu um rato...

Ontem, como muitos, acabei o meu dia de volta de um aparelho de rádio, a tentar ouvir a comunicação que o Senhor Presidente da República decidiu fazer ao país, não se sabia bem a propósito de quê.
Ouvi (que o respeito é bonito e eu gosto).
Espantei-me (porque não me pareceu politicamente avisado o agendamento e uma comunicação ao país para comunicar que a única coisa que tinha sido descoberta de errado fora o facto de o Presidente da República, numa lógica discutível no plano político, poder ter de ouvir mais gente do que este Presidente da República quereria, mas mantendo como poder próprio e solitário o de dissolver a Assembleia Legislativa Regional).
Ri-me (de mim mesmo, porque criei expectactivas relativamente àquela comunicação ao país e, afinal, a montanha tinha parido um rato).
Só não percebi o porquê de tanto show. O jornal da manhã deu-me porém, alguma luz: afinal, nada daquilo era novidade para a Presidente da Direcção do PSD.
E, afinal, começa a aquecer a temporada eleitoral nos Açores...

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Há alturas em que me sinto perto do céu...

Sábado passado, tive a sensação de que tinha subido ao céu. E não me apetecia voltar…
Sentado (apertado, sempre demasiado apertado) no Auditório de Espinho, despontou de uma luz fantástica uma verdadeira voz de deusa que cantou, naquela limpidez que caracteriza as vozes dos magníficos cantores que foram sempre integrando aquele grupo, a minha área preferida, a primeira que me fez arrepiar, a que sempre me há-de fazer sentir “em pele de galinha”.
Depois de um dia que deveria ter sido de alegria e acabou por ser de profunda desilusão, em que me ficou pouco mais que o consolo da partida, limpei a alma…
Os Swingle Singers, de facto, conseguiram preencher-me (e o Lamento de Dido foi "só" a abertura").
Deixaram-me a não querer voltar do éter onde me puseram.
Era bom, era… aliás, foi: foi muito, muito bom!

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Sic transit gloria mundi

Ouvi, aqui, com mágoa, a parte do discurso em que Sua Excelência, o Senhor Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, aproveitou para, sem nunca se dirigir ao Bastonário da Ordem dos Advogados, achincalhar e apoucar - por não identificar a(s) pessoa(s) a quem se quis dirigir - entre outros, os advogados e o seu mais alto representante.
Já por várias vezes o disse e, por isso mesmo, estou à vontade para o dizer sempre: nem sempre gosto do estilo do Senhor Bastonário Marinho e Pinto, embora me veja forçado a reconhecer que tem razão em muitas das críticas que faz (não nego o conteúdo, portanto, embora me custe a forma).
Mas tenho que admitir que “me deu a volta à tripa” ouvir alguém que é tão alta figura do Estado a proferir aquelas palavras, num estilo que me fez preferir o do Senhor Bastonário Marinho e Pinto.
Nem me vou referir a uma questão essencial que me incomodou mais que tudo, pois quem afirmou (em tempos idos) que os advogados são os responsáveis pelos atrasos na justiça não poderia vir senão dizer que é preciso pôr debaixo dos poderes judicial e político a alçada disciplinar dos advogados; mas tenho que dizer uma coisa: prefiro, indiscutivelmente, quem chame os bois pelos nomes e assuma, por isso, a devida responsabilidade; prefiro, de longe, a sinceridade e a rectidão de quem diz o que pensa…

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Não posso concordar (nem quero)

“O bastonário Marinho Pinto afirmou no parlamento que a violência doméstica não deveria ser crime público, porque inviabiliza a desistência do processo, caso a vítima o deseje, noticia hoje a imprensa.”

A verborreia do Bastonário da Ordem dos Advogados incomoda alguns, dá gozo a outros, mas reconheça-se que tem uma virtualidade: não se consegue ficar indiferente ao que diz…
Ao contrário do que ali vem dito (e que me custa a ler, principalmente se tiver é verdade que foi dito por quem se fez eleger pretendendo ser um “provedor” da cidadania e dos cidadãos), não concordo que a natureza do crime de ofensas à integridade física praticadas entre cônjuges deva ser “tão-só” crime de natureza semi-pública (como as demais situações de agressão, passe a imprecisão técnica).
Embora não tenha reflexo na intenção legislativa, sempre entendi que o bem jurídico tutelado por aquele tipo de crime visa (em segunda linha, decerto) a tutela da instituição matrimonial, do casamento enquanto instituição, pilar social, a meu ver.
Permitir – rectius, voltar a permitir – que o ofendido (marido ou mulher) desista da queixa, no meu entender, levanta duas questões complexa que o Senhor Bastonário não deveria ter marginalizado no seu discurso e que eu ponho em forma de pergunta, confessando eu próprio não ter resposta firme a nenhuma delas (pendendo, embora para uma negativa a ambas): pode a sociedade bastar-se com a desistência de queixa do Ofendido, quando se sabe que as mais das vezes, essa desistência é, no essencial, motivada por medo (tantas vezes com receio de “males maiores”, relativamente a si ou aos seus), pressão (muitas vezes de quem deveria apoiar e desapoia)?; deve bastar à nossa consciência social a permissão da continuação do comportamento, já que é consabido que (passe a aparente brincadeira) o arrear é como o rezar: vai no começar?
Da minha parte, creio que a lei tem suficientes mecanismos de defesa da integridade familiar, quando a família ainda exista efectivamente e não precisa de “regredir”.
O inverso seria pernicioso em todos os aspectos: custa-me muito mais (e creio que muitos me secundarão) saber que alguém teve sucesso na pressão de fazer alguém desistir da queixa que saber que alguém que terá agredido e se arrependeu terá de ser julgado pelo facto…
Por isso, não concordo com o que disse (nem quero, confesso).
Uma última coisinha, “de somenos”: o Senhor Bastonário deveria falar sempre em nome dos advogados, quando fosse nessa qualidade que prestasse declarações. Desta vez, parece-me que serão mais os que pensam ao contrário do que disse. E isso já é algo diferente: é usar o nome dos advogados para dizer o que se pensa… e, também aí, não posso concordar.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Em risco de ruína

Ou, daí, talvez não: há já bastante tempo que tinha essa triste noção (apesar de não ser técnico).
Diga-se em abono da verdade que o edifício do Tribunal de Santa Maria da Feira era demasiado novo para estar tão velho.
O problema é que as marcas do tempo já lá estavam há muito e ninguém fez nada até hoje.
E não se diga que não houve vítimas: as dúzias de adiamentos num tribunal a abarrotar, as vidas que se adiam, os gastos que se acresccentam fazem vítimas, tristes e silenciosas vítimas...
Confesso que fui uma delas.

domingo, 13 de abril de 2008


Quando o Barão de Coubertain desenhou a imagem que todos associamos aos Jogos Olímpicos, quis, no essencial, entrelaçar culturas, entrelaçar povos, simbolizar a união dos esforços das nações a favor da paz e dos valores que associo a esse jogos.
Os Jogos – lembro-me sempre disso – foram a proposta de um grupo de cidadãos para demonstrar a premente necessidade de se regressar a uma paz que se fazia ameaçada, na Europa, já nesse final do século XIX.
Lembravam (e bem) que, durante os Jogos Olímpicos da Grécia antiga, todas as acções de natureza bélica eram suspensas e que era dada primazia à paz e à concórdia.
Ora, eu que sou a favor da forma como o nobre povo tibetano luta, há já anos demais, pelo seu imanente direito à auto-determinação (apesar da minha dificuldade em aceitar a existência de Estados de pendor teocrático, creio que os valores da liberdade e da auto-determinação são intocáveis), ando um pouco espantado com a forma como se vêm desrespeitando símbolos de liberdade, igualdade e paz a propósito dessa luta.
Custa-me tremendamente ver uma instituição de paz, de aproximação e de concórdia a ser desrespeitada por uma "guerra" político-independentista, por muito que seja justa a pretensão por detrás dela.
E digo isto porque me custou tremendamente ver a chama olímpica apagada por quem luta (ou ajuda a lutar) por ideais de liberdade e independência: não se constrói liberdade nem se deveria querer independência sobre a ofensa de símbolos que se foram tornando universais.
E, como não esqueço que a chama quer lembrar Prometeu, o que roubou o fogo aos deuses (e qual outro fogo para além do do conhecimento importa?), fica-me um amargo de boca…
Espero que as coisas possam mudar. Não que com “isto” vá passar a pensar que a liberdade e a auto-determinação tenham perdido importância. Mas fica-me o receio de que o possa perder o respeito pelos valores mais elevados do ser humano nesse caminho. E isso não me agrada.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Quando o homem se faz animal...


Como saberão os que me conhecem, não propugno que os animais tenham direitos. Tenho pelo meu canito um amor quase humano, mas não esqueço que aquele "quase" faz toda a diferença.
Mas, quando li que um ser (que se diz, mas que é muito pouco) humano vai tentar voltar a matar um cão por inanição em breve, numa exposição de pseudo-arte contemporânea, fiquei com a sensação de que o meu estômago tinha dado mais voltas do que as que o estômago pode dar.
Querer conceder direito à vida a um animal é algo com que não concordo; querer matá-lo apenas "porque sim" incomoda-me muito.
Não pretendo pronunciar-me sobre a minha noção de arte. Deixo isso aos estetas e a quem tenha, mais e melhor que eu, reflectido sobre essa essência de nós enquanto comunidade.
Mas posso e quero pronunciar-me sobre a maneira como abordamos a nossa humanidade.
Não concebo um ser (que seja efectivamente) humano que maltrate um animal por “dá cá aquela palha”.
Quando sei que isso acontece, parece-me que o homem se faz animal…
E, porque a nenhum animal (e não mais porque tenha o aspecto de humano) sou capaz de fazer o que gostaria de fazer a esse (muito pouco) senhor, fica-me o consolo de já ter assinado a petição:
http://www.petitiononline.com/13031953/petition.html

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Tenho andado a pensar na ideia (de que por aí se tem falado muito) de dar sumiço legislativo à acção de divórcio baseada na culpa.
Sei bem que isso corresponde a interesses (espantosos, quanto a mim) de fazer passar a alguma esquerda a ideia de que há efectivamente esquerda em quem legisla no PS, mas eu tenho para mim que estamos (principalmente se reduzirmos a causa de divórcio aos afectos) a esquecer e a comprometer em demasia pilares fundamentais da nossa sociedade.
Sou divorciado, pela via do mútuo consentimento e confesso que não me imagino passado a ferro pela via crucis que, por vezes, são os divórcios litigiosos.
Mas (talvez por ter sido um divórcio por mútuo consentimento), o respeito que tive e tenho pela mulher que foi minha esposa, faz-me ver-me ainda menos numa situação em que a teria sujeitado a uma espécie de declaração unilateral perante um oficial público do género: “não gosto mais dela, quero a palavra casado fora do meu Bilhete de Identidade”…
A ideia de culpa para a extinção de um vínculo contratual parece-me essencial: parece-me que só podemos construir uma sociedade de jeito se continuarmos a pautar a vivência societária pela velha máxima de que “pacta sunt servanda”.
Passa pela cabeça de alguém não pagar um café só porque o sabor não lhe agradava? A mim passa se tiver pedido um café “robusta” e me tiver aparecido um “arábico”. Mas tenho que o demonstrar.
Não me passa pela cabeça que o empregador possa despedir o seu colaborador sem invocar uma justa causa para o efeito.
Para mim, ainda faz sentido a ideia de que os contratos (e, para quem não goste de contratualizar, há aquela figura da união de facto) são para cumprir.
Qualquer caminho diferente parece-me abrir demasiadas brechas em demasiados pilares da nossa sociedade.
E mesmo que esses pilares estejam escondidos e pareçam pouco importantes, lembro-me sempre que era na parte invisível da Ponte de Entre-os-Rios que estavam as brechas maiores…

domingo, 30 de março de 2008


Este fim-de-semana, tive o privilégio de participar em mais uma das incríveis ideias do T.P.E. Em simultâneo, o privilégio de realizar um sonho.
Há sensações irrepetíveis, impossíveis de descrever, sequer…
Mas, com o perdão devido a quem pareça esquecido, o que de mais valeu naquela noite foi o regresso aos bastidores, sempre cheios dos mimos de quem trabalhou tanto e de uma maneira tão enriquecedora, ao longo das duas ou três semanas anteriores, o choro rasgado de companheiros (verdadeiros amigos, tantos deles) alguns que, há tantos anos partilham palcos e sensações de palco comigo, a minha gratidão indizível a quem – já lá vão tantos anos – me fez perceber que eu até sabia cantar, os copos escondidos e temperados com sal de lágrimas de quase todos, quando os nervos (que são tudo menos miudinhos) já dizem que podemos acalmar, que só no dia seguinte é que voltam para o fundo da barriga…
Foi bom, foi muito bom…
Obrigado a todos.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Primeira vez

Pois...
Dizem que a primeira vez é a mais difícil
E esta é a minha primeira vez nesta coisa da blogosfera.
Não digo mais nada, para já...
O mais, que o diga o tempo.