terça-feira, 27 de abril de 2021

REFLEXÃO...






Sei que vou cometer um crime de “lesa-ideologia”, ainda para mais porque, sendo um convicto adepto da necessidade de regulação (intervenção, até) do Estado na vida das comunidades em que me insiro, vou seguramente ser acusado por alguns de não perceber nada do assunto, sendo que confesso desde já que isso será verdade no que ao futebol diz respeito…

Aqui há uns dias, o mundo parou porque uns quantos clubes (gigantescos clubes) de futebol decidiram que, após um “mega-grito-do-Ipiranga” lançado a partir de Madrid, se iam libertar do jugo castrador do regulador UEFA, porque o Regulador os impedia de ganhar dinheiro como eles querem ganhar dinheiro…

Pelo meio, aquele conceito giro (eu até diria essencial) segundo o qual “só quem for melhor é que lá chega” ficava pelo caminho: importava, sim que, aqueles quinze estivessem sempre lá; até fariam o jeitinho de convidar uns cinco para os acompanhar todos os anos; mas àqueles quinze (os que tinham a capacidade de se borrifarem para os outros, porque, em tese, não precisam dos outros para nada), àqueles quinze ninguém tirava o lugar…

E tinham uma cartilha nova: se há quem esteja disposto a meter dinheiro nesta coisa que estamos a organizar e não está disposta a meter no que a UEFA organiza, isso é mesmo relevante: quem tem dinheiro sabe sempre o que anda a fazer…

Importava, acima de tudo, libertar esses quinze clubes (esses gigantes clubes) do jugo castrador da UEFA e das entidades que organizam as competições europeias…

A coisa caiu. E caiu por duas razões: porque a UEFA demonstrou que as regras ainda existem para serem cumpridas e porque o Senhor Boris Johnson, entre duas “despenteadelas” à sua farta cabeleira loira, disse aos senhores que queriam “libertar-se” que, na Inglaterra pelo menos, se lhes acabaria a mama do Estado para tudo o resto se eles quisessem deixar de fazer desporto como o desporto deve ser feito (com fair play, com verticalidade, com alguma réstia de decência)…

E eu lá fui “refletir” sobre o assunto, para concluir que esta vontade dos tais (gigantescos) clubes é a coisa mais parecida que vi com aqueles “betinhos” que, agora, são pelo liberalismo: é preciso libertar o indivíduo (o “betinho” ou o grande clube) dos impostos, da deriva autoritária do Estado, da mordaça que impede (seja o “betinho” seja o gigantesco clube) de ser ainda mais egocêntrico (mais “umbiguista”, diriam alguns) mas egocêntrico doutrinado e doutrinador…

Porque (não o podemos esquecer, por mais que a propaganda nos tente convencer do contrário) o liberalismo é uma doutrina alegadamente baseada na defesa da liberdade individual, nos campos económico, político, religioso e intelectual, contra as ingerências e atitudes coercitivas do poder do Estado, mas que só funciona enquanto a “mama” do Estado está assegurada e garante continuação e crescimento das suas preciosas atividades “livres”…

Por isso é que eu continuo a preferir ser como sou: um feroz adepto da participação (intervenção até!) do Estado na vida das comunidades em que me insiro.

sexta-feira, 23 de abril de 2021

Seis anos...
Dois anos antes, começara o martírio: interrogatórios por tudo e por nada, prova mais que feita logo no Inquérito de que a minha cliente jamais poderia ser condenada e, mesmo assim, lá veio a acusação...
Durante os anos que se seguiram (caramba, foram mais de seis anos), vítima de uma Acusação do MP (sem nexo técnico, mas ferozmente apoiada pelo "jornalixo" que por aí anda), a minha cliente perdeu o que era na altura o seu meio de sobrevivência, perdeu amigos que (por não a conhecerem, duvidaram); perdeu muito aquela Senhora (feliz - e orgulhosamente! -, nunca perdeu a confiança em quem escolhera para a acompanhar naquele calvário e eu estou-lhe imensamente grato por isso!).
Hoje, o tribunal decretou (aderindo, aliás expressamente, aos meus argumentos): a montanha nem um rato tinha por onde parir!
Os anos, as angústias, os medos, as horas de sono perdidas, esses não se recuperam...
Mas reafirmou-se a esperança de que há Justiça quando é nos Tribunais que a Justiça se faz!
E, confesso, deu um gozo do caraças este meu "fazer vida dos problemas dos outros".