segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

ANTECIPAR CAMPANHAS ELEITORAIS...

Estranho o comportamento de alguns meus Colegas que – neste lamaçal onde, de quando em vez, aparecem coisas dignas e que me merecem respeito – decidiram antecipar a campanha eleitoral para a Ordem dos Advogados Portugueses, denegrindo e aviltando Colegas seus (passe a expressão) “lá porque se andam a pôr nos bicos dos pés”, mostrando-se para quando for tempo de campanha eleitoral para a Ordem…

Num momento em que seis Advogados (com “A” muito maiúsculo – pelo menos os cinco que me dão o privilégio de serem meus amigos) decidiram solicitar a respetiva renúncia aos cargos de Vice-Presidente e Vogais do Conselho Geral da Ordem, em vez de lhes louvarem a coragem (porque é de coragem que se trata!), optam por questionar os motivos das respetivas decisões…

E já li as mais variadas razões para esse questionar: projetos pessoais futuros (como se – a existirem – não fossem legítimos!), má vontade, má fé, sei lá… Não liguei especialmente: a má língua relativamente aos seus pares que exercem funções diretivas foi-se tornando, ao longo dos anos, uma prática corriqueira na vida da Ordem e sempre pensei que diz mais dos que a praticam do que dos destinatários dela…

Sejamos francos: quem os conhece sabe as suas “saídas” não foram resultado de um capricho ou de uma leviandade, mas que só um desacreditar num projeto que tomaram como sendo (também) seu e que se foi degradando ao longo deste último ano e pouco permitiria a decisão que tomaram, seguramente com muita luta contra si mesmos…

Mas mesmo os que não os conhecem deveriam (no mínimo!), pelo seu passado de dádiva à Ordem, à Advocacia e aos Advogados, ter-lhes concedido a decência de não afirmar que forma outros motivos que não decentes e ponderosas razões a motivá-los… mas não…

É verdade que já deveria imaginar que assim seria o chorrilho: também a mim algumas verrinosas penas se dirigiram quando, em abril do ano passado, me demiti das funções para as quais o atual Bastonário me convidara (e fi-lo, como então escrevi, porque desaparecera o “pressuposto de que a Ordem que tenho por minha e de que o Conselho Geral que defendi como sendo o melhor para o ser, saberia fazer o que lhe competia.” E, “pelo contrário, conseguiu, anteontem [tinha havido uma (aviltante) AG da CPAS dois dias antes], descredibilizar total e inelutavelmente o programa e o manifesto eleitoral que me colocava em sintonia e partilha com ela e com ele!”). Adiante…

 

Alguns, porém, foram além: uma “razão apontada” houve, porém, que me deixou profundamente triste: a de se “dizer” que um deles (e falo concretamente do Senhor Dr. Rui da Silva Leal) teria saído “´só porque” a alternativa era sair por causa de um parecer do MP que afirmava incompatível o exercício das funções de Vice-Presidente do Conselho Geral da OA e de membro do Conselho Superior do Ministério Público. E a tristeza (confesso) ficou ainda mais marcada porque os que tiveram coragem de o aventar jamais o fizeram com a coragem de o dizer diretamente, antes apostaram na “meia palavra”, no partilhar de “notícias” de jornal, na insinuação, no “dizem por aí”…

Não vou perder tempo a discorrer sobre o que é um parecer (não vinculativo); este é um post pensado para Advogados e, desses, espero que saibam o que é o que vale… nem a lembrar o esforço titânico que a atual PGR (mal, a meu ver) fez para que fossem sendo cada vez menos os não agentes do Ministério Público os membro do respetivo Conselho Superior; e, muito menos, a recordar que várias foram as vozes (entre elas o atual e eméritos Bastonários da OA) que repudiaram a então vox populi que se levantou contra a sua designação pela Assembleia da República para aquele nobre e importante tarefa ao serviço do Estado…

Vou (não seria capaz de calar perante a covardia das “meias palavras), porém, lembrar a muitos que fazem conta de que esqueceram, os anos em que, como dirigente regional e nacional da Ordem, deu de si e do tempo que poderia ter sido só da sua família e do seu escritório aos nossos interesses; vou recordar as vezes em que foi Advogado de Advogados em casos que envolviam a profissão, vou trazer às memórias “esquecidas” as milhares – e sei que não exagero: são milhares! – de horas de formação gratuita que deu a milhares de Advogados por esse país fora e perguntar que diabo motiva esta gente contra quem tanto nos deu?!

Não gosto de covardes! Mas gosto ainda menos que quem merece laudo ande na boca ou na pena de quem não tem coragem senão para as meias palavras e para o “mal-dizer”…

E, contra mim mesmo, não sei calar-me quando vejo injustiças como as que descrevi…