Estranho o comportamento de alguns meus Colegas que – neste lamaçal onde, de quando em vez, aparecem coisas dignas e que me merecem respeito – decidiram antecipar a campanha eleitoral para a Ordem dos Advogados Portugueses, denegrindo e aviltando Colegas seus (passe a expressão) “lá porque se andam a pôr nos bicos dos pés”, mostrando-se para quando for tempo de campanha eleitoral para a Ordem…
Num momento em
que seis Advogados (com “A” muito maiúsculo – pelo menos os cinco que me dão o
privilégio de serem meus amigos) decidiram solicitar a respetiva renúncia aos
cargos de Vice-Presidente e Vogais do Conselho Geral da Ordem, em vez de lhes
louvarem a coragem (porque é de coragem que se trata!), optam por questionar os
motivos das respetivas decisões…
E já li as mais
variadas razões para esse questionar: projetos pessoais futuros (como se – a existirem – não fossem legítimos!), má vontade, má fé, sei lá… Não liguei especialmente: a
má língua relativamente aos seus pares que exercem funções diretivas foi-se
tornando, ao longo dos anos, uma prática corriqueira na vida da Ordem e sempre
pensei que diz mais dos que a praticam do que dos destinatários dela…
Sejamos francos:
quem os conhece sabe as suas “saídas” não foram resultado de um capricho ou de
uma leviandade, mas que só um desacreditar num projeto que tomaram como sendo (também)
seu e que se foi degradando ao longo deste último ano e pouco permitiria a
decisão que tomaram, seguramente com muita luta contra si mesmos…
Mas mesmo os que
não os conhecem deveriam (no mínimo!), pelo seu passado de dádiva à Ordem, à
Advocacia e aos Advogados, ter-lhes concedido a decência de não afirmar que
forma outros motivos que não decentes e ponderosas razões a motivá-los… mas não…
É verdade que já
deveria imaginar que assim seria o chorrilho: também a mim algumas verrinosas penas
se dirigiram quando, em abril do ano passado, me demiti das funções para as
quais o atual Bastonário me convidara (e fi-lo, como então escrevi, porque desaparecera
o “pressuposto
de que a Ordem que tenho por minha e de que o Conselho Geral que defendi como
sendo o melhor para o ser, saberia fazer o que lhe competia.” E, “pelo
contrário, conseguiu, anteontem [tinha havido uma (aviltante) AG da CPAS dois
dias antes], descredibilizar total e inelutavelmente o programa e o manifesto
eleitoral que me colocava em sintonia e partilha com ela e com ele!”).
Adiante…
Alguns, porém, foram
além: uma “razão apontada” houve, porém, que me deixou profundamente triste: a
de se “dizer” que um deles (e falo concretamente do Senhor Dr. Rui da Silva Leal)
teria saído “´só porque” a alternativa era sair por causa de um parecer do MP
que afirmava incompatível o exercício das funções de Vice-Presidente do
Conselho Geral da OA e de membro do Conselho Superior do Ministério Público. E
a tristeza (confesso) ficou ainda mais marcada porque os que tiveram coragem de
o aventar jamais o fizeram com a coragem de o dizer diretamente, antes
apostaram na “meia palavra”, no partilhar de “notícias” de jornal, na insinuação,
no “dizem por aí”…
Não vou perder
tempo a discorrer sobre o que é um parecer (não vinculativo); este é um post pensado
para Advogados e, desses, espero que saibam o que é o que vale… nem a lembrar o
esforço titânico que a atual PGR (mal, a meu ver) fez para que fossem sendo
cada vez menos os não agentes do Ministério Público os membro do respetivo
Conselho Superior; e, muito menos, a recordar que várias foram as vozes (entre
elas o atual e eméritos Bastonários da OA) que repudiaram a então vox populi
que se levantou contra a sua designação pela Assembleia da República para
aquele nobre e importante tarefa ao serviço do Estado…
Vou (não seria
capaz de calar perante a covardia das “meias palavras), porém, lembrar a muitos
que fazem conta de que esqueceram, os anos em que, como dirigente regional e nacional
da Ordem, deu de si e do tempo que poderia ter sido só da sua família e do seu
escritório aos nossos interesses; vou recordar as vezes em que foi Advogado de
Advogados em casos que envolviam a profissão, vou trazer às memórias “esquecidas”
as milhares – e sei que não exagero: são milhares! – de horas de formação
gratuita que deu a milhares de Advogados por esse país fora e perguntar que
diabo motiva esta gente contra quem tanto nos deu?!
Não gosto de
covardes! Mas gosto ainda menos que quem merece laudo ande na boca ou na pena de
quem não tem coragem senão para as meias palavras e para o “mal-dizer”…
E, contra mim
mesmo, não sei calar-me quando vejo injustiças como as que descrevi…