segunda-feira, 25 de setembro de 2023

O POPULISMO NÃO DEIXA DE O SER (SÓ) PORQUE VEM COM PUNHOS DE RENDA…


Hesitei, francamente, em publicar estas linhas (que adivinho longas) sobre o populismo em que nunca imaginei que iriam cair o PCP de Espinho e os seus militantes e dirigentes… infelizmente, como já aqui escrevi há uns meses, tenho cada vez mais a certeza de que o hábito que tinha de ver o PCP, a CDU e os seus militantes como parte da solução é hábito para abandonar e a forma – tristemente – populista com que abordou a última reunião da Assembleia Municipal de Espinho foi (só) mais uma demonstração disso mesmo.

Um deputado municipal eleito do sobredito partido
, num desrespeito inaudito pelo regimento da Assembleia Municipal, pediu a palavra para uma interpelação à mesa e, contornando o seu próprio pedido, vai ao púlpito e faz uma “declaração política” (que, aliás, já tinha espalhado pelas caixas de correio dos munícipes) na qual, recorrendo a todas as típicas manobra dos partidos populistas, corrói e tenta minar por dentro algumas das bases mais importantes do Estado de Direito Democrático:

– faz completa tábua rasa do princípio da presunção de inocência e, julgando se dar a seja quem for o direito de se defender, cozinha num (sic) «“caldo de cultura” criminoso (…) os protagonistas» de um julgamento que nem sequer tem uma acusação definitiva, quanto mais uma condenação ou (como manda a decência democrática) em que nenhum dos visados teve oportunidade de se defender; os populistas são assim: acusam, julgam e condenam na praça pública, sem respeito pelas pessoas ou pelas instituições;

– não hesita em vilipendiar a honra de pessoas que deram e continuam a dar muitíssimo ao município e às suas gentes (concretamente, alguém que, durante meses, deu a Espinho o seu saber – sem receber por isso sequer remuneração – e que, querendo ser vice-presidente, mas (legitimamente) não querendo ser presidente de câmara, não merecia ser tratado por uma força politica da “oposição” da forma como foi): e lembremos que o populismo é exatamente isso: os “puros” não têm qualquer pejo em atacar (e em atacar ad homine – não as suas ideias, mas a pessoa em si) os que apodam de “impuros”, “incapazes”, “maus”… Trump demonstra-o todos os dias e a CDU demonstrou-o em Espinho na semana passada…

– falseia a verdade, a propósito de educação, habitação, ação social para tentar passar a (falsa!) ideia de que o executivo municipal não tem ideias, não tem projetos, não tem capacidade de execução, à boa moda dos populistas: afinal, dizer mal de tudo colhe votos, não é?

– termina (exatamente, como os populistas), a pedir “consequências políticas” daquilo que é a sua opinião… nos passos perdidos do parlamento, ouvimos todas as semanas os populistas encartados a pedir a demissão de alguém – de um ministro, de um secretário de Estado, de um diretor geral –: importa é marcar a agenda e pedir a demissão de alguém; dá para fazer o paralelismo, não dá?

Não sou, definitivamente, dos que acham que o populismo faz falta a qualquer sistema de Democracia. Alinho, sem dúvida, mais com quem acha que o populismo à esquerda é tão mau como o populismo à direita…

E, mesmo quando vem com “punhos de renda”, em textos bem escritos e de fácil leitura, o populismo não deixa de ser exatamente isso: populismo!

E o populismo é sempre perigoso!

sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Sobre um ocaso...


A fotografia "gamei-a" ao
Pedro Guilherme-Moreira ... não sei se é dele, mas é um retrato fiel do que os últimos anos fizeram do Porto: um ocaso...

- de uma cidade que se descaracterizou, quando não teve pejo em expulsar os seus melhores (as suas gentes, as que trocavam os "vês" pelos "bês" com a mesma naturalidade e ancestralidade com que o "caralho" e o "morcão" se faziam elementos de construção de discurso);
- de uma cidade que nega aos que sempre souberam com que "bê" se escreve Liberdade e com que "vê" se diz o Livre Pensamento o direito de pensar (mais que a urbe) a comunidade;
- uma cidade que (por ter sempre dispensado Tágides ficcionais: pudera, sabia que era nas bordas do rio que estava a sua inspiração) nunca deixou que rei algum tivesse casa dentro das suas portas e agora se vê confrontada com um "reizinho" de trazer por casa que a quer condenar ao obscurantismo vil de esconder arte nos galpões municipais;
Um ocaso...
A única esperança que o Porto tem (ouve-se nas ruas, nas estações do Metro, nas praças onde já nem os velhos gostam de jogar à bisca lambida) é que o sol se ponha neste dia negro e a manhã que haja de nascer seja de Liberdade, de Cultura a sério, que seja de um Porto renascido!


É... a fotografia do Pedro diz tudo!