sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Sou sempre pelo direito à greve! O problema é que aqui há uma fraude, não uma greve!

Ponto prévio: eu sou completamente pelo direito à greve e pelo dever estrito do Estado de o garantir (ainda mais, quando empregador!).

Mas quando seja efetivamente greve!

1. Uma "greve" em que só uma parte participa para reivindicar direitos alegadamente de todos e não apenas dessa parte é uma verdadeira greve? Eu entendo que não!
2. Uma "greve" em que se assume - quase em regime de dolo eventual - que é mais que provável a ocorrência da morte de pessoas por sua causa (assim pondo um direito laboral acima dos "d.l. e g." vida e saúde, como se tal composição paritária de interesses fosse defensável) é uma verdadeira greve? Eu entendo que não!
3. Uma greve em que uns, sem ter a chatice de perder o dinheiro que a greve implica perder, pagam para que outros (que os representam) também não tenham essa chatice, porque receberão na mesma é uma verdadeira greve? Eu entendo que não!

O que temos à nossa frente (ainda mais patrocinado por um órgão da administração pública: uma Ordem profissional) é um verdadeiro abuso de direito, uma atuação em absoluta fraude à lei! Quando muito, admito que se lhe chame uma ação de protesto sindical em que uma parte de uma classe recebe dinheiro de toda uma classe (pelo menos) para que essa classe leve a efeito essa ação de protesto... 

E o Estado de Direito Democrático não pode permitir nem abusos de direito, nem fraudes à lei!

Detesto o argumento da autoridade. Mas se nenhum outro resultar, seja pelo da autoridade: este abuso, esta fraude têm de acabar!

Quando o pré-aviso de greve envolver todos os enfermeiros (e não apenas os que - mais perigosamente para a vida de centenas de pessoas - vão receber para a fazerem); quando o fundo de greve (que considero legítimo - às tantas não em crowdfunding anónimo) servir para pagar a todos e não apenas a alguns; quando for evidente que estão diminuídos ao mínimo os riscos de que gente morra por causa de uma coisa desumana a que se quis chamar greve, sou bem menino para ir para porta do Ministério da Saúde exigir que um enfermeiro ganhe (em qualquer circunstância) mais e melhor.

Ou seja, quando a greve de facto for greve, estarei com os Enfermeiros! Até lá, não sou capaz!

(PS: (já agora) uma greve que mata gente para exigir no sistema público e sem exclusividade perto de metade do que se tem (por IRCT) no privado é uma greve? No aspeto legal, será... nos outros todos, tenho muitas dúvidas).