Vileza...

Hoje, em dois momentos (a aprovação na generalidade do projeto de Lei de Estatuto da Ordem dos Advogados, na Assembleia da República e a aprovação em Conselho de Ministros do novo Regulamento da CPAS) a coligação PPD/PSD-CDS/PP deu um golpe irreparável na advocacia livre e independente e escancarou de vez as portas, as janelas e todas as mais aberturas possíveis à proletarização da advocacia (especialmente da mais jovem).
A ministra da Justiça tinha dito ao que vinha (e de onde lhe vinha a inspiração)...
Eu confesso que sempre tinha pensado que a decência poderia prevalecer... enganei-me: a vileza é grande demais!
E uma coisa é certa: o que alguns queriam e não puderam executar porque os advogados, em atos eleitorais sucessivos, lhes impediram o acesso ao "poder" na Ordem, executou-o Paula Teixeira da Cruz, fortalecida não pelo direito, mas pelo verdadeiro poder (o dos interesses), num ato que é um verdadeiro ataque ao Estado de Direito Democrático...
Que este total desrespeito pela vontade massiva, democrática e livremente expressa dos advogados não passe impune (ao menos, aos olhos da história)...
Da minha parte, continuarei a lutar para que não aconteça esse retrocesso no que é a advocacia e no que deve ser o serviço que ela presta à cidadania!

http://www.portugal.gov.pt/pt/os-ministerios/ministro-da-presidencia-e-dos-assuntos-parlamentares/documentos-oficiais/20150430-cm-comunicado.aspx

A propósito de liberdade...

Olho para esta imagem e lembro que esta senhora (que, justamente, se tornou um ícone desse Abril que aconteceu), naquele dia que pôs fim ao negrume do fascismo, deu (literalmente deu!) todos os cravos que tinha e que tinha não para dar, mas para vender...
Penso no privilégio que este meu povo teve em terem-lhe dado (literalmente dado!) a liberdade.
Só depois deixo que me venha à mente o que, entretanto, fizeram dessa liberdade os que o povo mandatou para que a mimasse e dela cuidasse como aquilo que ela é: o bem mais precioso dos que vivem.
Mesmo assim, sinto alegria e consola-me que um sorriso se me despegue dos lábios: da dádiva da liberdade, ao menos a esperança há de permanecer...

Um pouco mais de mim...

CIENTÍFICO



Abraças-me
E, de repente, faz sentido
A junção de dois corpos
Tremendo arrepiados.

Dirão os néscios que é física
O que então se passa.

Eu sei, no entanto,
Que é algo mais que só ciência:
O coração bate mais forte
Não pelo frio, mas pela sorte
De se sentir aquecido
Na deliciosa transcendência
Dos gestos de te querer.

E sorrimo-nos

Que mais faríamos
Se descobrimos
Que a ciência até o explica
Mas que é tanto mais que científica
A delícia deste amor a acontecer?