INOCÊNCIA
Ali
era “o Verde”.
Era
assim que o chamávamos,
Mesmo
quando já era
Um
chão agreste
Coberto
de folhas que morriam
E
que, já mortas,
Iam
tomando novas cores:
Acastanhadas
algumas,
Outras
um tom amarelo
Carregado,
outras ainda
Aquela
cor avermelhada
Que
as folhas das parreiras
Tomam
quando passa
O
tempo do vinho.
Era
o nosso “Verde”.
Era
o espaço do carinho.
O
espaço em que sentíamos
Que
a inevitável desgraça
Do
passar do tempo
Não
sabia acontecer
(porque
era o tempo do carinho
E no
tempo do carinho
Nem
um segundo se perde!).
O
nosso verde era um campo
De
batalha em que os soldados
Eram
os dedos
E os
generais eram os sonhos
E as
maiores batalhas
Se
ganhavam quando os botões
Saltavam
das casas que os prendiam
E a
liberdade se convertia
Em
descoberta e se fazia
Encanto
e deslumbramento
À
vista do teu peito
Despido
de idade.
Era
onde os teus dedos
Percorriam
os meus dedos
Cientes
– como os meus! –
De
que só entrelaçados
Faziam
sentido.
E era
onde os lábios (enganados
Do
desejo) se encontravam
E
faziam do tempo perdido
O
tempo do fim dos medos!
Custa
a crer que tenha sido
Ali
que cometemos o pecado
De
nos deixarmos murchar
Um
do outro…
Sem comentários:
Enviar um comentário