quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Um pouco mais de mim...


COMO SE VELHO FOSSE…


Amo-te e quero-te
Mesmo contigo longe.
E tudo o mais que pudesse
Ter não me interessa:

Tenho a certeza de ter em mim
Tudo o que preciso de ter
Para que tenha essa
Sensação de que o que tenho
Me basta e de que careço
Apenas do que mais
Ninguém carece…

É que eu preciso deste medo!
Este medo de velho imenso.

Dele e da dor que me queima quando penso
Que a lonjura cessa
E ela ainda mais aparece.

Um velho como eu
Não pensa no enamoramento
(Na verdade, eu já não penso:
Pode parecer um contrassenso,
Mas libertei ao sentimento
O que à razão quis que coubesse).

Mas, lembrar, lembro-me
(Os velhos lembram-se sempre)
De como é triste este enredo
De ter de viver longe…
 
E, mesmo assim
(Lá está: é o contrassenso),
Creio que quase nada me entristece…
 
Concluo, então e sem pensar (que eu já não penso),
Que um velho só é velho
Se deixa de sentir que ainda adolesce.


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