COMO SE VELHO FOSSE…
Amo-te e quero-te
E tudo o mais que pudesse
Ter não me interessa:
Tenho a certeza de ter em mim
Tudo o que preciso de terPara que tenha essa
Sensação de que o que tenho
Me basta e de que careço
Apenas do que mais
Ninguém carece…
É que eu preciso deste medo!
Este medo de velho imenso.
Dele e da dor que me queima quando
penso
Que a lonjura cessaE ela ainda mais aparece.
Um velho como eu
Não pensa no enamoramento(Na verdade, eu já não penso:
Pode parecer um contrassenso,
Mas libertei ao sentimento
O que à razão quis que coubesse).
Mas, lembrar, lembro-me
(Os velhos lembram-se sempre)De como é triste este enredo
De ter de viver longe…
E, mesmo assim
(Lá está: é o contrassenso),
Creio que quase nada me entristece…
Concluo, então e sem pensar (que eu já não penso),
Que um velho só é velho
Se deixa de sentir que ainda adolesce.
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