A OPÇÃO PELO
VOTO NAS PESSOAS...
Deparei-me, há pouco, com um enorme cartaz do PPD/PSD
à entrada do meu concelho onde está dito exatamente o seguinte: “vote nas
pessoas”. Imediatamente por baixo tem o símbolo do respetivo partido e a
cruzinha onde quem fez o cartaz acha que será o voto certo…
Confesso que sorri com aquilo: confissão mais acertada
de que estas eleições não são apenas autárquicas ainda não tinha visto e foi-me
agradável vê-la.
O que o cartaz diz é que as pessoas são mais
importantes do que a sua filiação partidária e que, por isso mesmo, deverei –
enquanto dono das cruzes, um entre muitas cruzes, as que podem fazer mudar o
estado a que chegou o nosso concelhos e o nosso país – esquecer que uns são
filiados no PPD/PSD, outros no CDS-PP.
Alegadamente, porque o importante são as pessoas e não os partidos.
Alegadamente, porque o importante são as pessoas e não os partidos.
E eu perguntei-me se será mesmo assim…
Pensei no meu exemplo pessoal: no momento em que
entendi que não tinha partilha ideológica e política com o PCP, entreguei o meu
cartão de militante e, naturalmente, deixei de ter intervenção política naquele
partido (incluindo o ser candidato – embora não tenha sabido resistir ao
convite para ser candidato independente pela CDU à Assembleia de Freguesia de
Guetim, há quatro anos – um erro tremendo, como hoje sei).
Curiosamente, os que nos governam (autarquicamente)
não deixaram de ser militantes do PPD/PSD, antes continuam a sê-lo e
destacadamente; do mesmo modo, outros que querem governar-nos são figuras
destacadas da orgânica do CDS-PP.
Eu, por mim, não sou capaz de deixar de olhar para
essa circunstância, a circunstância de militarem, apoiarem e subscreverem (pela
sua filiação) as posições dos partidos que – no (des)Governo Central –
conduziram o país aonde ele está.
E levaram-no a ser um país onde a escola pública está
debilitada e cada vez menos apetrechada para formar igualmente bem filhos de
ricos e filhos de pobres; levaram-no a um estado de coisas em que a saúde
pública não tem os meios necessários para ser igual e verdadeiramente
abrangente para todos; levaram-nos à privatização dos CTT, por uma bagatela,
apesar de ser uma empresa lucrativa e o dinheiro necessário das privatizações
(por causa da troika) estar já
plenamente atingido; levaram-nos a uma situação em que se prepara algo idêntico
com a água, que tratam não como um direito, mas como um bem transacionável;
levaram-no a ser um país onde a universidade pública não apenas está impedida
de gastar dinheiro, como (e muito pior) está impedida de arranjar projetos que
a tornem autossuficiente; levaram-no a uma taxa de desemprego das mais altas do
mundo, a uma crescente diferença entre ricos e pobres, a uma escravização maior
todos os dias dos jovens que (não lhes obedeceram e) resistiram à emigração.
A nenhum dos que agora me pedem o voto vi a contradição
ou a demarcação pessoal relativamente a estas políticas (já nem pedia a
desfiliação partidária); a nenhum dos membros do PPD/PSD ou do CDS-PP que agora
pedem a minha cruzinha no próximo domingo vi propostas políticas diferentes –
já tive oportunidade de ler os respetivos programas eleitorais locais – das que
o (des)Governo levou a cabo e que nos desgraçaram, baseadas que estão numa
ideologia (liberalizante e em tudo oposta ao social) que só desgraça tem
trazido ao mundo e que só desgraça poderia trazer a Portugal.
Não me passa, portanto, pela cabeça, votar nas pessoas
que são militantes quer do PPD/PSD, quer do CDP-PP.
E porquê? Precisamente porque o que conta são as
pessoas e essas pessoas escolheram ser parte integrante e importante dos
partidos que nos desgraçaram e desgraçam…
E, no Domingo, quando for votar, tenciono lembrar-me
disso: eles são também uma parte (e uma parte importante) dos partidos que, por
convicção ideológica, por opção política própria, nos levaram à situação em que
estamos…
Percebi que, de facto, vou votar em pessoas; mas que
filiação partidária delas (por revelar o que pensam e demonstrar como agirão no
exercício de funções) é absolutamente essencial!
Sem comentários:
Enviar um comentário