quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A OPÇÃO PELO VOTO NAS PESSOAS...

A OPÇÃO PELO VOTO NAS PESSOAS...

Deparei-me, há pouco, com um enorme cartaz do PPD/PSD à entrada do meu concelho onde está dito exatamente o seguinte: “vote nas pessoas”. Imediatamente por baixo tem o símbolo do respetivo partido e a cruzinha onde quem fez o cartaz acha que será o voto certo…
Confesso que sorri com aquilo: confissão mais acertada de que estas eleições não são apenas autárquicas ainda não tinha visto e foi-me agradável vê-la.
O que o cartaz diz é que as pessoas são mais importantes do que a sua filiação partidária e que, por isso mesmo, deverei – enquanto dono das cruzes, um entre muitas cruzes, as que podem fazer mudar o estado a que chegou o nosso concelhos e o nosso país – esquecer que uns são filiados no PPD/PSD, outros no CDS-PP.
Alegadamente, porque o importante são as pessoas e não os partidos.
E eu perguntei-me se será mesmo assim…
Pensei no meu exemplo pessoal: no momento em que entendi que não tinha partilha ideológica e política com o PCP, entreguei o meu cartão de militante e, naturalmente, deixei de ter intervenção política naquele partido (incluindo o ser candidato – embora não tenha sabido resistir ao convite para ser candidato independente pela CDU à Assembleia de Freguesia de Guetim, há quatro anos – um erro tremendo, como hoje sei).
Curiosamente, os que nos governam (autarquicamente) não deixaram de ser militantes do PPD/PSD, antes continuam a sê-lo e destacadamente; do mesmo modo, outros que querem governar-nos são figuras destacadas da orgânica do CDS-PP.
Eu, por mim, não sou capaz de deixar de olhar para essa circunstância, a circunstância de militarem, apoiarem e subscreverem (pela sua filiação) as posições dos partidos que – no (des)Governo Central – conduziram o país aonde ele está.
E levaram-no a ser um país onde a escola pública está debilitada e cada vez menos apetrechada para formar igualmente bem filhos de ricos e filhos de pobres; levaram-no a um estado de coisas em que a saúde pública não tem os meios necessários para ser igual e verdadeiramente abrangente para todos; levaram-nos à privatização dos CTT, por uma bagatela, apesar de ser uma empresa lucrativa e o dinheiro necessário das privatizações (por causa da troika) estar já plenamente atingido; levaram-nos a uma situação em que se prepara algo idêntico com a água, que tratam não como um direito, mas como um bem transacionável; levaram-no a ser um país onde a universidade pública não apenas está impedida de gastar dinheiro, como (e muito pior) está impedida de arranjar projetos que a tornem autossuficiente; levaram-no a uma taxa de desemprego das mais altas do mundo, a uma crescente diferença entre ricos e pobres, a uma escravização maior todos os dias dos jovens que (não lhes obedeceram e) resistiram à emigração.
A nenhum dos que agora me pedem o voto vi a contradição ou a demarcação pessoal relativamente a estas políticas (já nem pedia a desfiliação partidária); a nenhum dos membros do PPD/PSD ou do CDS-PP que agora pedem a minha cruzinha no próximo domingo vi propostas políticas diferentes – já tive oportunidade de ler os respetivos programas eleitorais locais – das que o (des)Governo levou a cabo e que nos desgraçaram, baseadas que estão numa ideologia (liberalizante e em tudo oposta ao social) que só desgraça tem trazido ao mundo e que só desgraça poderia trazer a Portugal.
Não me passa, portanto, pela cabeça, votar nas pessoas que são militantes quer do PPD/PSD, quer do CDP-PP.
E porquê? Precisamente porque o que conta são as pessoas e essas pessoas escolheram ser parte integrante e importante dos partidos que nos desgraçaram e desgraçam…
E, no Domingo, quando for votar, tenciono lembrar-me disso: eles são também uma parte (e uma parte importante) dos partidos que, por convicção ideológica, por opção política própria, nos levaram à situação em que estamos…
Percebi que, de facto, vou votar em pessoas; mas que filiação partidária delas (por revelar o que pensam e demonstrar como agirão no exercício de funções) é absolutamente essencial!

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