segunda-feira, 1 de agosto de 2016

In memoriam... ou da saudade...


Olha, puto… tu (aliás, tu, o Diogo, a Helena, a Cármen, a Bárbara, o JP e a Inês – os que há anos, chamo os meus sete guias daquele fim de adolescência) foste das coisas mais importantes que me aconteceram na vida!
Quando te conheci, tinha vinte e quatro anos e ainda tinha a mania de que o mundo estava por minha conta, que ia ser capaz de mudar tudo e todos.
Tu – os outros também, mas tu – demonst...raste-me que, afinal, era eu quem tinha de estar disposto a que o mundo e os que neles andam me mudassem, me moldassem, me dessem formas novas de encarar a vida.
Pegavas na guitarra (safavas-te bem, sim senhor…) e parecia que não havia muito mais que pudesse importar ali à volta: sabe-se lá porquê, a malta das camaratas – de todas as camaratas – rodeava-te e acabava a cantar contigo.
Um dia, apanhaste-me com a lágrima no canto do olho, tolhido por uma dúvida que deveria ter sanado e não sanei nem nessa altura nem depois. Nem sei o que ias fazer, mas deixaste isso de lado e paraste para puxar por mim e acabares, ao fim de um bocado de “saca-rolhas”, a dizeres-me, do alto da tua sabedoria imensa, que a dúvida não combina com o amor… E eu (estúpido: se te tivesse ouvido, talvez não tivesse sofrido nem feito sofrer)? Eu não acreditei!
Mas lembrei-me de ti, quando percebi (anos mais tarde) que tinhas sido tu a explicar-me que a dúvida não combina com o amor…
Tivemos outras conversas; e olha que eram boas as conversas… cheio de sono, cansado, apetecia sempre, depois da hora aceitável, estar um bocadinho ali, a jogar conversa para dentro, a aprender, a sentir, a rir, a fazer de conta que estávamos à vontade (porque o Tigrão era um fixe e a Sofia não ia aparecer)…
Dizias que te ajudava a crescer; não imaginas o que me fizeste crescer.
Hoje, quando li o post do Ricardo, não consegui conter as lágrimas! Não era assim que as coisas deveriam ser!
Olha, puto, sempre deste tudo em exagero (ainda lembro o exagero que escreveste num livrinho mal amanhado onde pedi a todos que deixassem algumas coisas para não esquecer, como se esquecer fosse possível: ser vosso animador naquele maravilhoso campo de férias não é coisa que eu, pelo menos, tenha ferramentas para esquecer).
Mas (e desculpa lá a franqueza), não precisavas de me dar um aperto tão grande no peito, um choro tão doloroso, uma sensação tão estúpida de perda!
Continuas a ter um lugar especial nas minhas lembranças, nas minha boas lembranças! E continuas a ser uma das pessoas que me fizeram decidir que amanhã quero ser um bocadinho melhor que hoje, todos os dias!
É por isso que, para onde quer que estejas (porque em algum lado deves estar, que alguém como tu não se finda assim e tu deves estar em algum lado, abraçado a uma guitarra), vai um abraço, um abraço roído em lágrimas, como o da despedida, naquele para sempre delicioso trinta e um de julho de dois mil…
(Foda-se, Pedro: foi a trinta e um de julho de dois mil que nos “despedimos”…)
 

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