terça-feira, 6 de março de 2012

Um pouco mais de mim...

TEMPLO (EM MODO PROFANO)

Quando amanhecemos
Nele e quase perdemos
A noção do quanto vale
O tempo, se o fazemos
Lonjuras e saudades,
Faço um templo deste leito.

Perfeito tempo em que, por vezes
Nem sei bem se estás,
Mas onde te sei
Na teimosa dobra do lençol
Que se entretém
A envolver-te, num desdém
De mim que me parece
Perfeitamente natural.

Espaço etéreo, onde
Se conjugam gestos de amar
Com palavras pequenas
E carícias, serenas
E aparentemente insanas
Mas onde nunca se esconde
Um desejo descoberto.

E é nesse templo que, imaculado,
Me deixo perder no torpor
Dos teus lábios,
Do alento que nasce do lento
Despertar das mágicas preces
Que ergo às divindades
Que me encarnam de ti
E te fazem perto...
 
Espinho, 5 de Março de 2012

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