NÃO-AMADO
Ouvi-te dizer que estavas cansada.
Que querias falar de assuntos sérios;
E, depois, que a vida não tem mistérios
Para quem foi vivendo sem ser amada.
E eu, que te falava da madrugada
Em que brotaram sonhos, seres etéreos,
Não soube resguardar-me dos funéreos
Despautérios que deixaram calada
A minha vontade de te falar
De amor, de coisas por imaginar
E me abateram ao ensanguinhado
Infortúnio aflito do não-amado:
Escondido, vagabundo, camuflado
De mim, até dos gestos de te amar.
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