sexta-feira, 2 de janeiro de 2009


Ando já há algum tempo a querer escrever algumas linhas (que gostaria de imaginar parecidas com estas), mas “a coisa” não me tem saído…
Ora vamos lá tentar assentar ideias, a ver se me consigo entender: aqui há umas semanas, sentado a uma mesa de jantar (especial, muito especial), uma querida amiga (apesar de muito recente amiga), A.-M.d R., a propósito do meu quase louvor à utilização do termo maestrina (em vez de maestro) quando a direcção de orquestra é feminina, mexeu incrivelmente com o meu esquema mental. Essa mulher (feminina e que, por isso, diz recusar o epíteto de feminista, embora eu ache que ela o é a sério - e à séria), do alto dos seus sessenta e picos anos, cortou-me as vazas todas quando me disse qualquer coisa como isto: “o que aí me custa é o ‘ina’”...
Fiquei a olhar para aqueles olhos verdes, vitoriosos de me terem feito parar e pensar, com cara de parvo (e como me senti parvo, naquela altura), mas tenho de admitir que aquela meia dúzia de palavras me fez pensar, parado (às tantas ultrapassado) pelos meus próprios preconceitos. E ainda mais quando rematou a conversa, que rapidamente fez mudar de tema, com o seguinte: “e por que não maestra?”
Nunca me tinha passado tal coisa pela cabeça, mas o termo que eu preferia é apoucador – não sei se a palavra existe, mas soou-me bem agora.
Por que raio há-de uma mulher que se põe à frente de uma(s) dúzia(s) de músicos ser uma “ina” e um homem, só porque o é, não é “ino”?
E isto tudo para deixar aqui um obrigado aos que me vão fazendo pensar, aos que me vão gerando alavancas para me olhar de fora dos meus preconceitos, aos que me vão acelerando o raciocínio e o sentimento em direcção ao respeito...
E nem é por ser ano novo: é só porque sim…

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